sábado, 24 de agosto de 2013

Acreditar !!

Acreditar !

Nossa visão do mundo é muito limitada. Mesmo nossos sonhos mais longínquos não nos permitem ir mais além, quando nosso eu está ferido.

Quando tudo vai mal, quando não conseguimos acrescentar uma gota sequer de solução aos nossos problemas, começamos a ver o mundo como se tudo fosse cinza, como se tivéssemos o poder de ir apagando toda a beleza que está espalhada à nossa volta.

A questão nem é ser negativo, pois uma pessoa negativa o será sempre, mas é de ir deixando aos poucos de acreditar que algo possa ser mudado, simplesmente porque o tempo é interminável quando sofremos ou esperamos alguma coisa que tarda a chegar, ou ainda quando tomamos as dores dos outros acompanhando o movimento do mundo.

Mas mesmo quando tudo estiver cinza, quando as possibilidades de saída te parecerem como muros altos e intransponíveis, continue acreditando! Não deixe a peteca cair! 

Eu garanto que enquanto você se mantiver em movimento para construir alguma coisa, a esperança vai estar no seu caminho como uma vela acesa iluminando sua passagem.

As esperanças só morrem quando morremos em nós, quando deixamos de acreditar que a vida é esse monte de vivências às vezes contraditórias, doloridas e belas ao mesmo tempo.

Jamais permita que a tristeza tenha símbolo do seu nome! Que ela venha quando não puder evitá-la, mas que fique justo o tempo necessário para ensinar alguma coisa. Pare um pouquinho e olhe a natureza: ela nunca desiste! As estrelas continuam brilhando apesar dos vendavais que agitam as nuvens.

A solidão às vezes é benéfica, quando nos faz refletir sobre nosso eu e nossas razões de vida. Mas não deve ser uma companheira inseparável que nos isola do mundo. Há mãos estendidas na nossa direção. Sempre há! Só não vemos quando olhamos pra trás ou quando fechamos os olhos.

Mesmo quando não acreditamos em mais nada, Deus continua acreditando em nós. E Ele renova nossas forças, nos sustenta, nos mantém de pé, ainda se nossos joelhos se dobram e nos sentimos incapazes de continuar.

O importante é continuar essa aventura da vida, sem baixar os braços, sem baixar a cabeça. Temos todo o direito de cair, mas temos o dever de resistir.

Ainda que a lua se consuma e o sol desapareça, que o infinito se desfaça e a terra se perca, há esperança para cada um de nós. Eu acredito!

Eu sei que muitos e muitos precisam continuar acreditando que o melhor ainda está por vir. E desejo que acreditem!

(Letícia Thompson)


domingo, 18 de agosto de 2013

Viver e não ter a vergonha de ser feliz!


Esses dias caminhando em direção ao metrô, via as pessoas indo e vindo, algumas assentidas das suas posições na sociedade, outras em massa de manobra sem ter noção do real motivo de estarem ali.

Volta e meia no decorrer da vida, e suas ranhuras, chegamos em algumas linhas de raciocínio que parece que ninguém irá nos entender. E realmente não irá. Quando porventura, ou por uma aventura, nos encontramos em um estado de espírito denominado “sei lá” a tal ponto que nem realmente nós conseguimos contextualizar as nossas aflições, a única solução é: serenar.

Existem coisas que não precisam ser entendidas, aceitas ou estar dentro dos padrões da sua família ou sociedade. Tentar entender tudo é chato e coabitar com os próprios pensamentos encharcados de dúvidas todos os dias é uma faísca para despertar a própria loucura.

Relaxar é fluência, não displicência. Saber relaxar também é uma inteligência direcionada, é saber ressignificar as prioridades e tirar mais tempo para viver. Confesso, quando penso demais e fico nesse emaranhado de dúvidas, simplesmente durmo, caminho, tomo um banho… Pois acredito que pensar demais posterga os sonhos e assim cria dúvidas desnecessárias sobre um futuro totalmente hipotético. Pensar demais anula a vida em sua essência. Pensar demais mata a sanidade.

Então se eu pudesse dar uma dica seria: se livre das suas razões. Você não precisa ter razão de tudo, ser onisciente e totalmente presente em todas realidades. Suas verdades não são absolutas e algumas soluções da vida são paliáveis. A vida guia, transforma, muda de rumo e mudar de opinião é saudável. Continuar com a mesma opinião às vezes também saudável. Pouco saudável é depender de terceiros para delimitar seus passos.

Os outros estão vestindo as lentes deles, que na maioria das vezes, não são do mesmo grau que as nossas. Conselhos devem ser ouvidos, mas muito bem ponderados dentre a nossa realidade. Os outros nunca saberão o que estamos realmente sentindo. Pois para eles as suas frescuras são traumas, e seus traumas podem soar como frescuras.

Até hoje sinto dificuldade de me libertar de algumas amarras que a vida e a sociedade me impuseram. De certas ressacas morais, de certas incertezas sobre meu futuro. Não podemos ser vítimas de nós mesmos. Hoje concordo que meu maior inimigo sou eu mesmo. Minhas regras internas. Meus dogmas sem sentido. Meus medos estranhos. Minhas ansiedades vazias.

Amar, sentir, sofrer, isso é saudável. Inóspito é ser vazio, não ter do que falar, do que chorar, do que lembrar. A vazies é violenta. A falta de esmero pela vida é violenta.

Mas, e o que seria da vida se as dúvidas não se multiplicassem, os focos se perdessem, os sonhos se cessassem… Às vezes devemos pegar e jogar tudo para o alto, mas às vezes só devemos continuar o que estamos fazendo e aquietar nossos ânimos. Lembre-se, o inconsciente sempre nos vê por baixo das cortinas.

Frederico Elboni

Quando li este texto, de cara senti que descreve exatamente como me sinto... Tenho câncer, posso morrer sim, porém, ainda não morri. Estou aqui e ainda sou a favor de que a vida longa ou curta, deve ser vivida intensamente, de forma plena! Vida é dádiva. Se aqui estou é porque tenho direito a ela e se ela quer me escapar, cabe somente a mim, resgatá-la e fazer cumprir o tempo que me é determinado para viver e ser feliz! Sem ressentimentos, revoltas ou tempo a perder. O encanto da vida é ser feliz!

Águeda

terça-feira, 13 de agosto de 2013

O que tem sido...

Faltava já tem um tempo atualizar o blog sobre como segue meu tratamento...

Fiz minha mastectomia e tudo correu bem, exceto o dreno que entupiu logo no dia seguinte em que sai do hospital e que por esse motivo, exigiu que eu tivesse que ir ao Rio de 3 em 3 dias fazer punções para retirar o seroma. Foi um período cansativo.

Nos primeiros dias ao me olhar no espelho, foi de um estresse sentido, mudo, calado na sua impotência... A sensação de mutilação é real e latente, e exige de mim um exercício em conjunto de domínio da mente, do corpo e principalmente da alma. Tentar superar e acreditar na mastectomia como um detalhe, frente à possibilidade de cura e de direito a vida, é o ponto chave. 

Hoje já me conformo e acredito mesmo que o preço, se for esse, é muito baixo perante o presentão da vida... Pessoas passam por estórias semelhantes ou diferentes, não sou mais sofredora e nem menos sofredora do que os demais, apenas cada um de nós, temos nossas medidas, nossas próprias dores e dificuldades particulares... Não se trata de quem sofre mais ou menos e sim de Superação! Isso é o que determina o sentido e o nosso verdadeiro valor!

Resumidamente, deixo minhas impressões vivenciadas nesses 2 meses de intensos acontecimentos e onde me senti em muitas ocasiões dentro do olho de um furacão. Não bastasse meu estresse particular da mastectomia quando do retorno da cirurgia, ainda recebi a notícia de que o linfonodo sentinela deu positivo e houve necessidade de ser realizado o esvaziamento axilar.


Associado a tudo isso, as mazelas do serviço público, aquele em que depois de esperar por 20 longos dias com pontos cicatrizando, fazendo punções, chegamos as 4 e meia da manhã ainda noite ao Inca e me deparo com outras dezenas de pessoas que chegaram por lá, tbm na busca do mesmo objetivo. Tanto alvoroço é porque é o dia que finalmente abre-se a agenda para marcar consulta com o mastologista... (acontece uma vez ao mês).

Completava-se quase 30 dias que tiraram meu peito, minha mama, meu câncer, e de lá pra cá, nenhum, mas nenhum médico me olhou ou orientou e o resto do tratamento? e agora? Viajo 160 km de distância, e mesmo chegando cedo vou pro meio da fila. Depois da espera, me vem a resposta daquele "ser" do outro lado do balcão que nem me olha nos olhos e parece alheia ao sofrimento de todos ali, dizendo friamente... "-Só tem para o mês que vem!"   - Como assim para o mês que vem?!  e ai começa a xêpa, sangue "portuga" e não muitas papas na língua me fazem detonar toda minha indignação. E logo estou novamente fazendo um percurso que se torna quase uma rotina: "Quem tem boca vai a Roma!" e "Roma" no Inca tem nome: Ouvidoria! 

Chora daqui, reclama de lá, uma impotência, uma necessidade de infelizmente ter que pedir, implorar e se sentir mais um número numa linha de produção, numa estatística. Não há envolvimento, cumplicidade. Não se sente em uma luta de médico e paciente, unidos pela vida... É uma luta solitária contra todas as armadilhas que o serviço público nos prega o tempo todo, com seus entraves de falta de vagas e muitas vezes apenas a falta de um olhar solidário.

Desde o dia que iniciei meu tratamento, cada vez que passo por uma consulta é um médico diferente. Em geral, residentes que trabalham sob a supervisão de uma chefia que só aparece em última necessidade. Não faço ideia de quem me operou, e nem mesmo depois da cirurgia tive a honra de receber esse “Santo”. Confio apenas que ele deve ter feito seu trabalho de forma profissional e competente (Deposito minha fé nisso e no fato do Inca ser uma referência) Mas isso é justo?? Tudo é impessoal e as dúvidas quando surgem não conseguem ser de pronto saciadas e acreditem, embora não pareça, a verdade é que sou e devo me sentir PRIVILEGIADA!! Porque pelo menos eu operei, pelo menos eu estou recebendo o tratamento. Se a cada etapa é uma luta onde tenho que discutir com quem deveria me defender, pelo menos tenho saído vencedora em cada uma delas! Mas gente! Isso não era pra ser assim!! 

Deixo claro que não são só coisas ruins. Mal ou bem existe um outro lado. Existem pessoas humanas que se movem por nós lá dentro, naqueles corredores. Profissionais dedicados, médicos que tentam dentro de suas possibilidades nos passar segurança... Éh... tem muita gente boa, não posso deixar minha indignação momentânea cegar que dentre tudo o que relatei, também me deparei com anjos! Dra Renata Reis, foi minha esperança e a que me colocou no caminho em um momento que me encontrava perdida, sem saber o rumo a tomar... A Nádia, que graças ao seu empenho, conseguiu antecipar para mim algumas consultas e obtive os relatórios preenchidos que meu seguro exigiu... As enfermeiras da sala de curativo que me atenderam com atenção. A guarda da portaria, sempre agindo de forma solidária e com simpatia para todas as mulheres que sobem o "ladeirão" pela primeira vez... E o pessoal lá do 5º andar, onde fui muito bem cuidada nos dias em que estive internada pra cirurgia. Os voluntários que entra semana e sai semana, estão ali sempre disponíveis tentando informar e orientar. 

Tem muita coisa dando certo ali. Ainda podia ser melhor! Podia ser realmente pra todos! Mais rápido, menos doloroso e mais humano... 

Mas eu? Eu ainda sou privilegiada!



Logo volto pra contar como está sendo a "SINISTRA" Quimioterapia...